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O longa “Spencer” e sua relação com a Chanel

  • Foto do escritor: Mostra Revista
    Mostra Revista
  • 10 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura

Reportagem por: Camila Pessoa


Dia 27 de janeiro, o longa “Spencer” estrelado por Kristen Stewart e dirigido por Pablo Larraín finalmente chegou aos cinemas brasileiros. O filme narra o período conturbado da vida de Diana, no qual ela passa o Natal com a família real na propriedade de Sandringham, no Reino Unido, após os rumores da traição de Charles e de divórcio. A princesa se encontra em um impasse quando percebe que seu casamento com o príncipe já não há mais futuro, uma vez que Charles ama somente Camila Bowles, e Diana decide que está na hora de o deixar. O filme é apenas uma especulação do que pode ter acontecido durante esses turbulentos dias e noites que antecedem o Natal e os seguintes após seu pedido oficial de divórcio.


A designer de figurino do longa é a Jacqueline Durran, uma figurinista britânica premiada e reconhecida por seus trabalhos em Orgulho e Preconceito (2005), Desejo e Reparação (2007), Anna Karenina (2012), A Bela e a Fera (2017) e Mulherzinhas (2019) - filme que acrescentou à sua lista de prêmios o Oscar de melhor figurino em 2020. Spencer, dentre dezenas de indicações, atualmente está concorrendo para o Satellite Award 2022 - Melhor Figurino.


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Figurino de Mulherzinhas (2019) desenvolvido por Jacqueline | Reprodução

Jacqueline, Kristen e Pablo trabalharam juntamente com a Chanel, uma das grifes favoritas de Diana nas décadas de 1980 e 1990, a fim de homenagear a essência da princesa através de suas roupas. Como há na internet centenas de fotos de Diana nesse curto período de tempo, o diretor não queria que o público conseguisse associar certas cenas a dias exatos, então sua base para o figurino foram os anos de 1988 a 1992, mas sem a réplica exata das peças. A justaposição entre seu guarda-roupa diário e a estrutura opressiva e inibidora de seus trajes públicos é evidenciada através da alternância entre jeans, suéteres, terninhos de saia e vestidos.


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Guarda-roupa diário de Diana | Reprodução

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Diana vestindo Chanel em eventos da realeza | Reprodução

Kristen Stewart, embaixadora da Chanel desde 2013, disse em uma entrevista para a Vogue que, em termos de estilo e glamour, a colaboração com a grife proporcionou ao filme algo que eles não atingiriam sem ela, as peças da Chanel acrescentaram a aura que Diana tinha enquanto princesa. Stewart se conectou com a personagem profundamente com o intuito de interpreta-lá da maneira mais verídica o possível, e estabelecer o contraste entre a Diana “real” e a Diana “formal” foi imprescindível, afinal, para contar a história, é preciso que vejamos a real diferença entre essas personas. Kristen ainda acrescenta que, no filme, todos os looks da Chanel são usados em momentos que Diana precisa de ajuda, quando se sente ameaçada ou quando não está se sentindo bem espiritualmente, momentos nos quais um conjunto Chanel a proporciona um pequeno sistema de suporte.


Quando Jacqueline reuniu diversas fotos de roupas da princesa como uma base de referência, entrou em contato com a Maison para utilizar algumas peças de seus arquivos. O casaco vermelho que Diana usou em sua visita à França em 1988, da coleção ready-to-wear Fall/winter 1988-1989, assim como o cardigã/casaco azul marinho que ela usou no Natal de 1992 são as peças originais.


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Casaco vermelho original da coleção ready-to-wear Fall/winter 88-89 | Reprodução

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Casaco azul marinho usado em 1992 | Reprodução

A grife mandou também, a pedido do diretor, vestidos extras dos anos 80 para montagens e flashbacks, e foi assim que o vestido icônico do pôster do filme foi encontrado. Um design de Karl Lagerfeld de 1988, creme, longo, com um laço na cintura e com aplicações douradas por todo o seu torso e comprimento. No entanto, esse era um vestido precioso e delicado demais para ser utilizado. Após aproximadamente 1000 horas de trabalho em seu antigo Couture Workroom, a Chanel recriou minuciosamente o vestido original especialmente para o filme.

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Design original de Karl Lagerfeld recriado para o longa | Reprodução

Além das peças icônicas, color blocking, xadrez, lapelas assimétricas, cortes geométricos, silhuetas extremamente elegantes, botões dourados, suéteres com gola pólo, cintura altas e pérolas são os elementos que da melhor forma resumem e englobam o estilo de Diana, os quais foram incorporados no figurino de maneira magnífica.


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Figurino de Spencer | Reprodução

A Chanel tinha um espaço especial no coração da princesa, e isso fica evidente pelo carinho da marca com seu legado. Mesmo após a separação, Diana ainda foi vista usando sua marca preferida, se sentindo poderosa e confiante nos conjuntos de tweed, no entanto, sem mostrar a famosa logo, uma vez que os duplos Cs a lembravam do ponto final triste e inevitável de um dos maiores capítulos de sua vida com a família real - Charles e Camilla.




Referências:


BETANCOURT, Bianca. How Spencer's Costume Designer Nails the Style of One of Fashion's Most Beloved Icons. Harpers Bazaar. Disponível em: https://www.harpersbazaar.com/culture/film-tv/a38092483/jacqueline-durran-spencer-costumes-interview/. Acesso em: 05 fev. 2022

LAFFLY, Tomris. ‘Spencer’ Costume Design: Capturing Princess Diana’s Dizzying Eclectic Range. Indie Wire. Disponível em: https://www.indiewire.com/2021/11/spencer-costume-design-dressing-kristen-stewart-as-princess-diana-1234682079/. Acesso em: 05 fev. 2022

OKWODU, Janelle. Kristen Stewart on How Her Chanel Costumes in Spencer Tell Their Own Story. Vogue. Disponível em: https://www.vogue.com/slideshow/spencer-chanel-costumes-kristen-stewart-jacqueline-durran-interview. Acesso em: 05 fev. 2022

 
 
 

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